TJSC mantém painel publicitário em terreno vizinho de condomínio

A 4ª Câmara de Direito Civil do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) negou o pedido de um condomínio residencial em Florianópolis para anular a licença de instalação de um painel publicitário em um terreno vizinho. O condomínio alegou ter sido ludibriado por uma empresa de mídia durante a rescisão contratual, mas o Tribunal concluiu que não houve má-fé, apenas uma rescisão contratual legítima motivada por dificuldades financeiras da empresa de publicidade.

Entenda a Disputa e as Alegações das Partes

O litígio começou quando o condomínio entrou com uma ação para impedir a instalação do novo painel, de 56 m², e para que o alvará concedido pela prefeitura fosse cassado. Segundo a administração do prédio, a empresa contratada anteriormente havia prometido desmontar a estrutura e levá-la para outra cidade. Contudo, pouco depois, a mesma empresa instalou um novo equipamento em um lote vizinho, o que impediu o condomínio de reutilizar seu próprio espaço para fins publicitários.

A empresa, por sua vez, defendeu que o contrato foi rescindido de comum acordo, após sucessivos parcelamentos de dívida, e que o novo painel foi instalado com licença válida e dentro dos parâmetros legais. Afirmou ainda que o equipamento foi inspecionado previamente e está em conformidade com a legislação municipal.

Decisão Judicial: Sem Indícios de Má-fé e Regularidade Comprovada

O juiz de primeira instância rejeitou a tese de má-fé do condomínio, aplicando o princípio de que “ninguém é obrigado a permanecer vinculado ao contrato para sempre, nos termos do art. 421 do Código Civil”. A sentença, que julgou improcedentes os pedidos do condomínio, reconheceu a regularidade da conduta da empresa de mídia.

No recurso ao Tribunal, o condomínio insistiu que a empresa teria ocultado sua real intenção de permanecer no mesmo eixo viário, o que impossibilitou a locação do terreno a outro anunciante. Também apontou uma suposta irregularidade na distância mínima entre os painéis instalados.

Entretanto, o desembargador relator considerou que os documentos e depoimentos em audiência indicaram uma rescisão motivada por dificuldades financeiras, sem indícios de má-fé. Mensagens trocadas entre as partes mostraram que o valor do aluguel estava acima da média de mercado e que a empresa buscava reduzir custos.

“Ainda que tenha havido menção ao remanejamento para outra cidade, o motivo central do distrato foi financeiro. Não se comprovou qualquer intenção dolosa ou tentativa de ludibriar o condomínio”, registrou o desembargador em seu voto.

A decisão também destacou que o novo painel foi licenciado conforme a Lei Complementar Municipal n. 422/2012, que exige que a solicitação de alvará parta de uma empresa especializada no setor de mídia exterior – o que não se aplica a condomínios. Além disso, o critério de anterioridade da licença, previsto na mesma legislação, deu à empresa prioridade sobre a área pretendida. A perícia técnica confirmou que o novo painel foi instalado a 150 metros do equipamento mais próximo, exatamente a distância mínima exigida pela legislação municipal para esse tipo de estrutura.

“Estando o painel alocado a 150 metros de outro painel e obedecendo as normas municipais em relação à distância e legalidade do alvará, não se verifica motivo para cassar a licença concedida à ré”, concluiu o voto. Assim, o relator manteve a decisão de primeira instância, e os demais integrantes da câmara seguiram seu entendimento.

Este caso em Florianópolis, Santa Catarina, reforça a importância da comprovação de má-fé em rescisões contratuais e a validade das licenças de instalação de painéis publicitários concedidas conforme a legislação municipal.

Fonte: TJ/SC

Compartilhe esse artigo

Precisa de Assistência Jurídica?

Entre em contato conosco para discutir como podemos auxiliar você. 

Últimos conteúdos

STJ estende direito real de habitação a herdeiro vulnerável com esquizofrenia: Proteção à moradia prevalece

A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) proferiu uma decisão histórica ao estender o direito real de habitação a um herdeiro vulnerável. O colegiado decidiu que um homem

noticia

Clube Atlético Catarinense de futebol masculino pode ter que mudar de nome por decisão judicial

Uma decisão da 4ª Vara Cível da comarca de São José (SC) determinou que o Clube Atlético Catarinense, time masculino com sede na Grande Florianópolis que já disputou a Série

noticia

Reconhecimento de filiação socioafetiva é diferente de adoção por avós

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) cassou uma sentença da Comarca de Diamantina e determinou o prosseguimento de uma ação de reconhecimento de multiparentalidade por vínculo socioafetivo. A

noticia

Trabalhador apalpado por supervisor durante ‘festa da firma’ deve ser indenizado

O Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região (TRT-SC) confirmou a condenação de uma empresa por danos morais a um técnico de internet que foi importunado sexualmente por seu supervisor.

noticia

Parte do cônjuge não devedor é calculada sobre o valor da avaliação do imóvel leiloado

A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, por unanimidade, que quando um cônjuge que não é devedor exerce o direito de preferência para arrematar um bem indivisível

noticia

Empresas pesqueiras de SC são condenadas a treinar pescadores para emergências no mar

O Tribunal Superior do Trabalho (TST) deu provimento à Ação Civil Pública do MPT e condenou duas empresas pesqueiras de Santa Catarina a implementar um plano de treinamentos de emergência

noticia

Herdeiros não respondem por dívidas do falecido antes da abertura do inventário

A 6ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) negou, por unanimidade, o recurso de um banco que tentava incluir os herdeiros de um executado no polo passivo

noticia

TJSC entrega títulos do Programa Lar Legal e promove ordenamento urbano em Passo de Torres

O Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) celebrou mais uma conquista do Programa Lar Legal, entregando 43 títulos de propriedade para famílias da comunidade Rosa do Mar, em Passo

noticia

Devolução de valores por distrato: STJ afasta corretora da responsabilidade solidária com construtora

Em um precedente importante para o mercado imobiliário, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) definiu que a corretora de imóveis não responde, de forma solidária, pela restituição

noticia