Decisão sobre responsabilidade de plataformas não afeta modelo de negócio, diz Barroso

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, afirmou que a recente decisão da Corte sobre a responsabilização das plataformas de redes sociais não teve impacto no modelo de negócio das empresas. No final de junho, o STF determinou que, na ausência de uma nova legislação sobre o tema, o artigo 19 do Marco Civil da Internet deve ser interpretado de forma a responsabilizar civilmente as big techs por conteúdos publicados por usuários.

“Decisão Justa e Moderada” e a Busca por Equilíbrio

Durante um evento do International Society of Public Law em Brasília, Barroso classificou a decisão como “justa e moderada”. “Não afetou de forma alguma o modelo de negócio das plataformas, mas protegeu a liberdade de expressão e outros valores constitucionais bem importantes”, declarou.

O ministro explicou que o STF “esperou bastante tempo para o Congresso legislar, o que nunca aconteceu”. Ao decidir sobre os casos, Barroso reconheceu que havia diversas expectativas na sociedade, com alguns defendendo a não intervenção do STF, outros criticando a demora na decisão, e uma parcela aguardando o resultado para então manifestar sua opinião.

Comparativo Internacional e o Novo Entendimento do STF

Barroso fez um comparativo com os modelos de regulamentação em outros países. Nos Estados Unidos, as plataformas são “totalmente imunes” à responsabilização por conteúdo de terceiros. Na Europa, elas têm a responsabilidade de remover o conteúdo quando notificadas. Já o modelo brasileiro, antes da decisão do STF, estabelecia que a plataforma só poderia ser responsabilizada se, após uma notificação judicial, o conteúdo não fosse removido.

Para o ministro, a tese firmada pelo STF se baseou em conceitos “bem moderados e simples, menos rígidos do que na Europa”. Um dos pontos centrais da decisão, segundo ele, é o dever das big techs de treinar seus algoritmos para evitar que publicações criminosas cheguem aos usuários. Isso se aplica especialmente a casos de graves ilegalidades, como pornografia infantil e terrorismo.

Essa postura do STF busca um equilíbrio entre a liberdade de expressão e a necessidade de coibir abusos e crimes online, estabelecendo novos parâmetros para a atuação das plataformas digitais no Brasil.

Compartilhe esse artigo

Precisa de Assistência Jurídica?

Entre em contato conosco para discutir como podemos auxiliar você. 

Últimos conteúdos

STF suspende processos sobre lei ambiental de SC que limita proteção de florestas

Ministro Gilmar Mendes aponta insegurança jurídica e suspende decisões conflitantes até exame da constitucionalidade da norma

noticia

Filiação socioafetiva póstuma é reconhecida mesmo com retorno à família biológica, decide STJ

A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, por unanimidade, que o reconhecimento da filiação socioafetiva póstuma é possível mesmo que o filho retorne à família biológica. Com

noticia

Golpe do “Falso Juiz” atinge cidadãos

O Serviço de Inteligência do Judiciário (SIJ) do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) emitiu um alerta sobre o golpe do “falso juiz“, uma fraude que se

noticia

Vigilante é demitido por justa causa após publicar vídeos com armamento em redes sociais

Colegiado considerou que a quebra de regras internas configurou falta grave suficiente para rompimento do vínculo

noticia

TJSC mantém multa por troca de evento sem autorização em projeto esportivo para surdos 

Evento realizado não foi o aprovado com verba do Fundesporte e resultou em multa de quase 80 mil

noticia

Proibição de criação e venda de pit bulls em Santa Catarina é questionada no STF

A Associação Intercontinental de Cinofilia (AIC) entrou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) no Supremo Tribunal Federal (STF) contra uma lei e um decreto de Santa Catarina que proíbem

noticia

MPF e Justiça Federal inspecionam obras irregulares em áreas degradadas de carvão em Criciúma

Intervenções do município foram feitas em locais com restrições de uso decorrentes da ação que busca a recuperação da área

noticia

STF vai julgar se empresa que vai fechar pode compensar prejuízos fiscais de uma vez

Matéria teve repercussão geral reconhecida, por unanimidade, em deliberação do Plenário Virtual da Corte

noticia

STJ garante direito de resposta a clínica contra Rede Globo por reportagens inverídicas

A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), com base na Lei 13.188/2015, manteve o direito de resposta concedido em segunda instância a uma clínica do Rio de Janeiro.

noticia